Era domingo.
Constança e o avô António foram passear para o parque. Era outono e estava um
maravilhoso dia de sol. O parque estava lindo, porque estava repleto de folhas
de várias cores: vermelho, castanho, laranja...
As árvores começaram a ficar despidas, como que
a despedirem-se da estação. De
vez em quando, o sol era tapado por nuvens que começavam a ficar negras. O
Ambiente estava abafado. Constança e o
avô foram-se abrigar debaixo da sombra de uma árvore.
Enquanto
descansavam debaixo da árvore, aproveitavam para contar histórias sobre o tempo
do avô. Mas, de repente, pingas grossas começaram a cair sobre as suas cabeças.
Constança começou a sentir medo dos relâmpagos que ouvia ao longe e agarrou-se
ao avô.
_ Não tenhas
medo, Constança! -disse o avô agarrando-se com carinho.
Ainda não
tinha acabado de falar, quando começou a chover torrencialmente. Caiu um raio
numa das árvores perto deles e o avô e a neta vão para casa, pois moravam ali
perto. Constança e o avô António chegaram todos molhados. O avô, preocupado com
a saúde da neta, mandou-a trocar de roupa:
_ Constança,
vai tomar banho e trocar de roupa, pois podes ficar constipada. Estás
encharcada! –disse o avô, que estava um pouco cansado. E continuou: _ Enquanto
tu vais, eu vou acender a lareira e preparar alguma coisa para comermos.
_ Avô, é
sempre tão fofinho! – Está sempre atento a tudo! – exclamou comovida.
Já aconchegada
em frente à lareira, avô e neta continuaram a conversa que tinham interrompido no parque.
_ Porque não continuas
a contar aquela história, em que o avô foi castigado só por ter fugido, sem
permissão dos pais, para brincar com os seus amigos ao fito! –perguntou
Constança, curiosa.
_ Está bem!
–respondeu satisfeito o avô.
O avô António contou que, naquele
dia, combinara com os amigos, depois do almoço, ir jogar ao fito, junto à escola primária, num terreno de terra
batida. Tinha, naquela altura, dez anos. Encontraram-se por volta das duas e
meia. Apenas tinha faltado um amigo, o Afonso, aquele que tinha uma tasca. O
pai pediu ao António para ir cortar erva para os animais da quinta, mas ele não
obedeceu e foi brincar com os seus amigos. Estavam naquela brincadeira, quando alguém
entre os amigos viu o pai do António. José, que estava mais próximo do amigo,
disse-lhe, aflito:
_ António, o
teu pai vem aí! Foge! E continuou._ Pelo andar e pela cara , parece estar
furioso.
_ E está. _ confirmou
o Daniel, também ele aflito com o que estava a acontecer. – Ele trás um cinto
atrás das costas! Ai meu Deus! – e começou a fugir.
António, que
já conhecia o pai, optou por ficar e pedir-lhe desculpa, justificando a sua
desobediência com a vontade de brincar. O pai não lhe bateu daquela vez, mas
obrigou-o a ir buscar a comida para os animais. António foi e não refilou.
Depois de ter
terminado de contar um episodio da sua vida, o avô António permaneceu algum
tempo, talvez com saudades da sua infância e dos tempos que já lá iam.
A neta deixou-o saborear aquele
momento e, minutos mais tarde, interrompeu a divagação perguntando-lhe:
_ Avô, a
história já acabou?
_ Já.
_ Mas avô, eu
desobedeço tantas vezes à mãe, porque estou ora a jogar no computador, ora a
trocar mensagens no face e ela nunca me castigou com nada...
_ Pois é, os
tempos mudam.... – exclamou o avô
pensativo.
_ Avô, sabe
que eu até gosto das histórias e das brincadeiras que me conta! – e continuou.
–Os meus colegas da escola não sabem brincar, pois só andam à porrada, berram
alto, ou ouvem música no smartphone e MP4.
_ No quê?! –
perguntou o avô que não percebeu o que ela dissera.
_ Vamos beber o chá e, depois, jogar à malha lá
para fora, agora que o tempo já melhorou.
Regressaram ao
presente e a menina passava a divertir-se com as brincadeiras diferentes do
tempo do avô.
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